A prisão preventiva é uma medida cautelar prevista no ordenamento jurídico brasileiro, destinada a garantir a eficácia do processo penal. Trata-se de uma privação provisória de liberdade que pode ser decretada em determinadas circunstâncias, antes do trânsito em julgado da sentença.
A prisão preventiva é uma medida cautelar que pode ser decretada pelo juiz durante a fase investigativa ou processual, visando garantir o bom andamento do processo penal. Ela não tem caráter punitivo, mas busca evitar que o acusado cometa novos crimes, fuja ou atrapalhe as investigações.

1. Fundamentos Legais da Prisão Preventiva
A prisão preventiva está prevista no Código de Processo Penal (CPP), mais especificamente no artigo 312. Os fundamentos legais para sua decretação estão vinculados à necessidade de:
- Garantia da ordem pública: Evitar que o réu cometa novos delitos ou represente um risco à sociedade.
- Garantia da ordem econômica: Em casos de crimes que envolvem grandes fraudes ou desvios que afetam a economia.
- Conveniência da instrução criminal: Para impedir que o réu atrapalhe a coleta de provas, como ameaçar testemunhas ou destruir evidências.
- Assegurar a aplicação da lei penal: Evitar que o réu fuja e não compareça aos atos processuais.
Esses são os pilares que orientam a decretação da prisão preventiva e devem ser analisados caso a caso pelo magistrado.
2. Circunstâncias que Justificam a Prisão Preventiva
A prisão preventiva pode ser decretada somente em casos de crimes com pena privativa de liberdade superior a quatro anos ou quando o acusado já possui condenação anterior por outro crime doloso em sentença transitada em julgado. Além disso, também é possível decretar prisão preventiva em crimes cometidos com violência doméstica ou familiar, para proteger a vítima, ou quando houver dúvida sobre a identidade do réu.
3. Requisitos para Decretação da Prisão Preventiva
3.1 Prova da materialidade e indícios de autoria
Para que a prisão preventiva seja decretada, é necessário que haja prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, ou seja, deve estar claro que um crime foi cometido e que existem elementos que apontem para a responsabilidade do acusado.
3.2 Necessidade da prisão preventiva
Além da prova da materialidade e dos indícios de autoria, a prisão preventiva só será cabível quando não houver outra medida cautelar menos gravosa que possa ser aplicada para alcançar os mesmos objetivos, como o uso de tornozeleira eletrônica ou medidas de restrição de liberdade.
4. Diferença entre Prisão Preventiva e Prisão Temporária
É importante distinguir a prisão preventiva da prisão temporária. A prisão temporária é uma medida cautelar mais restrita, prevista na Lei 7.960/1989, aplicada na fase investigativa, com prazo máximo de 5 dias (prorrogável por igual período). A prisão preventiva, por outro lado, pode ser decretada tanto na fase de inquérito quanto no decorrer do processo e não tem prazo determinado, sendo válida enquanto perdurarem os motivos que a justifiquem.
5. Prazo e Duração da Prisão Preventiva
A prisão preventiva não tem um prazo determinado pelo Código de Processo Penal, mas a sua duração deve ser compatível com a razoável duração do processo, conforme estabelece o artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se posicionou no sentido de que prisões preventivas excessivamente longas, sem a devida justificativa, configuram constrangimento ilegal, devendo ser relaxadas.
6. Reexame da Prisão Preventiva
A prisão preventiva pode ser reavaliada a qualquer tempo. Caso haja mudança na situação que a justificou, como a apresentação de novos elementos que afastem o risco de fuga ou de interferência no processo, o juiz pode substituir a prisão por outra medida cautelar ou até revogar a prisão.
7. Medidas Alternativas à Prisão Preventiva
O Código de Processo Penal também prevê diversas medidas cautelares alternativas à prisão preventiva, que podem ser aplicadas conforme a gravidade do caso e a necessidade processual. Entre elas estão:
- O comparecimento periódico em juízo.
- A proibição de acesso ou frequência a determinados lugares.
- O recolhimento domiciliar no período noturno.
- A monitoração eletrônica.
Essas medidas são previstas para garantir que o processo siga seu curso regular, sem a necessidade de privação total da liberdade do acusado.
8. Prisão Preventiva e o Princípio da Presunção de Inocência
A decretação da prisão preventiva deve ser compatível com o princípio da presunção de inocência, que assegura a qualquer pessoa o direito de ser considerada inocente até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Dessa forma, a prisão preventiva deve ser a exceção, aplicada somente em casos de extrema necessidade e quando outras medidas cautelares não forem suficientes para garantir a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal.
9. Jurisprudência e Entendimento dos Tribunais
Os tribunais superiores, como o STJ e o STF, têm uma interpretação rigorosa sobre a prisão preventiva. Recentemente, diversas decisões têm reiterado que a prisão preventiva não pode ser utilizada como antecipação de pena, sendo necessário que o magistrado justifique de forma clara e fundamentada os motivos que levam à sua decretação.
10. Conclusão
A prisão preventiva é uma ferramenta importante dentro do processo penal brasileiro, mas deve ser utilizada com parcimônia e rigor técnico. Seu objetivo é garantir o bom andamento do processo, proteger a sociedade e assegurar a aplicação da justiça, mas sempre respeitando os direitos e garantias fundamentais, especialmente o princípio da presunção de inocência.
Ao longo dos anos, a jurisprudência brasileira tem evoluído para limitar os abusos na aplicação da prisão preventiva, garantindo que seja uma medida excepcional e não uma regra. O equilíbrio entre a segurança pública e os direitos do acusado deve ser sempre o foco do Judiciário ao analisar a necessidade de sua decretação.
11. FAQs
11.1 O que caracteriza a prisão preventiva?
A prisão preventiva é uma medida cautelar decretada para garantir a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, quando não houver outras medidas cautelares adequadas.
11.2 Quanto tempo pode durar a prisão preventiva?
A prisão preventiva não tem um prazo máximo fixado, mas sua duração deve ser proporcional à razoável duração do processo, sendo passível de revisão judicial.
11.3 Quando a prisão preventiva é necessária?
A prisão preventiva é necessária quando há risco de fuga do réu, perigo à ordem pública, ameaça à instrução criminal ou risco de não cumprimento da lei penal.
11.4 Quais são as alternativas à prisão preventiva?
Medidas como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e comparecimento periódico em juízo são alternativas previstas no Código de Processo Penal.
11.5 O que o juiz deve considerar ao decretar a prisão preventiva?
O juiz deve considerar a presença de prova da materialidade, indícios de autoria e a necessidade de garantir a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, sempre respeitando os direitos fundamentais.
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